sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Jean Michel Jarre


Até pouco tempo atrás, eu acreditava que Jean-Michel Jarre tivesse tido em sua vida tudo, como dizemos, do bom e do melhor. Todos os recursos na mão. E intrinsecamente acho que já cheguei tavez a pensar que isso era como se ele tivesse a obrigação de fazer algo bom e bem feito. Afinal, era filho de um dos músicos mais famosos no mundo do cinema, ganhador de oscars: Maurice Jarre. Apenas recentemente descobri que ele foi, como tantos (Gonzaguinha, por exemplo), um filho abandonado. Um jovem que tinha tudo pra acabar cedo, sem recursos e sem apoio, passou necessida nos subúrbios de Lyon com a mãe e se envolveu com problemas diversos. Guardadas as devidas proporções, uma história que tinha alguma coisa a ver com a minha. Não aumentou nem diminuiu meu gosto pela música desse artista. Mas passei a gostar mais ainda da pessoa do músico.
Em alguns casos, como este, não dá ou pelo menos até o momento não pensei em escrever sobre uma música especificamente, pois a maioria dos discos instrumentais tinha/tem o conceito de obra muito forte, e não de faixas, músicas independentes, como acontece na maioria dos trabalhos de artistas de música vocalizada e letrada (?). Não sei exatamente em que momento a música maravilhosa desse francês entrou na minha vida mas, mas o que sei é que esse contato definitivamente mudou todos os meus conceitos de música, música boa, mudou a idéia que por convenção eu tivesse da importância relativa da letra e da voz humana em uma música. Fazendo em todos os discos seus lançados na década de 70 uso exclusivuo de instrumentos eletrônicos, Jean Michel criou um universo musical único e mágico. Obras de títulos únicos e faixas numeradas foram novidades para mim, mas lembravam a forma de organização das obras clássicas. A relação entre a música dele e a consciência de um lugar no mundo natural e um dever de se portar de forma diferente fizeram a identificação mais forte ainda. Na capa do disco Oxygene, lançado em 1977 e conhecido por mim uns 9 anos depois, uma Terra se desfazendo e por baixo aparecendo uma caveira humana trazia uma mensagem muito clara: a relação entre o que estávamos fazendo no planeta e a nossa própria ruína. Era o começo do ambientalismo na minha cabeça adolescente e sem religião. Era um caminho sem volta. E a viagem era propulsionada por um som diferenciado do que eu ouvia nas rádios e nas festas na minha rua.

http://www.youtube.com/watch?v=Ek5u5jl7Ads&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=cGo4QYMbM_0&feature=bf_next&list=AL94UKMTqg-9B1hVR7rcPK5-8L-5BdjBTO 

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

14 bis - canções de guerra

14 bis é, para mim, a melhor banda brasileira de todos os tempos (e ainda bem que continua na estrada, para deleite dos velhos e novos fãs). Músicos advindos do maravilhoso "clube da esquina" e de grupos de rock progressivo que nasceram aqui, com o fermento bioelétrico dos grandes Led Zeppelin, Pink Floyd, Beatles... Ainda adolescente, os hits me deram vontade de conhecer mais o som daquela banda de música de tanta qualidade. Piolho de casa de amigos ou qualquer um que tivese muitos discos e não me expulsasse, passava horas, ou até um dia inteiro, ouvindo os discos. O primeiro do grupo que pude ouvir por completo foi "A nave vai", de 1985 (estava então com 15 anos).
Em 2004, após oito anos sem disco de inéditas, o 14 bis grava o disco "outros planos", que abre com essa música. É um primor de arranjo. Nenhuma invenção, nenhum preciosismo, mas uma capacidade de usar o instrumental usual de forma madura, capaz, completa. Depois de muito tempo sem ouvir o grupo, por erroneamente ter achado que tinha ficado sem graça sem Flávio Venturini (coisa de adolescente birrento), essa foi a primeira música que me fez querer ouvir todos os discos após Cláudio Venturini assumir os vocais. Hoje não tenho dúvidas: Cláudio é um dos melhores guitarristas do mundo! Harmonia perfeita, backing vocal belíssimo pelos outros integrantes. Para ouvir vezes seguidas a fio... uma canção de amor.

Vejam nesse link uma apresentação ao vivo com a música e vejam como eles mandam bem nos palcos. Hely toca a bateria de uma forma tão apaixonada (continua de olhos fechados sentindo a música como eterno jovem de espírito que demonstra ser) que fica difícil acreditar que esse cara tá sentado atrás dos "tambores" há décadas. Se eu não fosse fã ficaria após ouvir e ver isso! Demais!
http://letras.terra.com.br/14-bis/153002/

Demorei, mas não resisti de colar aqui o link do blog oficial do 14 bis, que reproduziu este post semana passada (14/o4/12). O texto do post foi publicado em 2010, mas o link para o vídeo foi do início do mês, e talvez tenha sido o que trouxe o blog à vida!

http://14bisblog.wordpress.com/2012/04/14/homenagem-de-fa-ao-14-bis-cancoes-de-guerra/